quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Despedida do trema

Recebi este texto em um e mail e achei de uma "acentuada inteligência"! Não faço idéia de quem seja o autor.



"Estou indo embora. Não há mais lugar para mim Eu sou o trema.Você pode nunca ter
reparado em mim, mas eu estava sempre ali, na Anhangüera, nos aqüiféros, nas
lingüiças e seus trocadilhos por mais de quatrocentos e cinqüentas anos.
Mas os tempos mudaram. Inventaram uma tal de reforma ortográfica e eu
simplesmente tô fora. Fui expulso pra sempre do dicionário. Seus ingratos! Isso
é uma delinqüência de lingüistas grandiloqüentes!...
O resto dos pontos e o alfabeto não me deram o menor apoio... A letra U se disse
aliviada porque vou finalmente sair de cima dela. Os dois pontos disse que sou
um preguiçoso que trabalha deitado enquanto ele fica em pé.

Até o cedilha foi a favor da minha expulsão, aquele C cagão que fica se passando
por S e nunca tem coragem de iniciar uma palavra. E também tem aquele obeso do O
e o anoréxico do I. Desesperado, tentei chamar o ponto final pra trabalharmos
juntos, fazendo um bico de reticências, mas ele negou, sempre encerrando logo
todas as discussões. Será que se deixar um topete moicano posso me passar por
aspas?... A verdade é que estou fora de moda. Quem está na moda são os
estrangeiros, é o K, o W "Kkk" pra cá, "www" pra lá.

Até o jogo da velha, que ninguém nunca ligou, virou celebridade nesse tal de
Twitter, que aliás, deveria se chamar TÜITER. Chega de argüição, mas estejam
certos, seus moderninhos: haverá conseqüências! Chega de piadinhas dizendo que
estou "tremendo" de medo. Tudo bem, vou-me embora da língua portuguesa. Foi bom
enquanto durou. Vou para o alemão, lá eles adoram os tremas. E um dia vocês
sentirão saudades. E não vão agüentar!...
Nos vemos nos livros antigos. Saio da língua para entrar na história.

Adeus,
Trema."

sábado, 12 de fevereiro de 2011

"Além da vida", de Clint Eastwood ("Hereafter")

Verdade seja dita: os filmes de Clint Eastwood não são dos mais alegres. Mas com certeza eles possuem uma sensibilidade sem igual. Em seu último filme, “Além da vida”, Clint não trata de um tema fácil: a morte em suas diferentes experiências. Um menino que perde seu irmão, uma mulher que chega muito próximo de sua morte e um homem que se comunica com os mortos e acaba sendo atormentado por familiares desesperados buscando uma última mensagem de quem se foi.

São temas muito delicados e que se não forem tratados de forma adequada e sensível, podem acabar descambando para um filme de gosto duvidoso. Porém Clint reúne tudo isso em um filme comovente e ao mesmo tempo verdadeiro que trata da reconstrução da vida de quem se depara (ou vive) com a morte.

Ao mesmo tempo em que é tão doloroso atravessar essa jornada ao lado dos personagens, é reconfortante perceber que cedo ou tarde, tudo, de alguma forma, irá se encaixar novamente, mesmo que isso, à primeira vista, pareça tão improvável.

A câmera roda em uma velocidade mais lenta, combinando assim com o tempo que se arrasta por quem passa por este sofrimento tão grande. Ela consegue focar além do rosto dos personagens; ela foca a dor que eles sentem e que carregam dentro de si, dia após dia.

Essa dor parece que nunca mais terá fim. E realmente não terá. A mensagem do filme é que tudo isso é inesquecível, mas temos que voltar à nossa vida, apesar dos pesares. Pode parecer um clichê de auto ajuda, mas é a mais pura verdade: a vida continua. Ela tem que continuar, ainda que a dor tente sufocar em sua imensidão gelada.

O que o filme nos relembra a cada momento é que somos involuntariamente mortais (idéia um tanto óbvia, mas que nos esforçamos para esquecer), e a morte nos ronda o tempo todo. Cabe a nós saber viver de forma verdadeira. Mais do que aprender a conviver com a perda, nós temos que ter forças para deixar ir quem não está mais ao nosso lado. Da mesma forma que não podemos ficar acorrentados na dor a vida toda, também não devemos fazer o mesmo com a pessoa que amamos.

Além da vida é um filme doído, mas imensamente verdadeiro, que busca reafirmar o mistério que envolve a vida e a morte, e que nós, teimosos que somos, não nos cansamos de tentar desvendar.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

2011 de todas as cores

Aqui no Brasil (pode ser que seja em outros países também, mas não sei ao certo quais seriam) as pessoas têm a tradição de usar roupas brancas no ano novo. Eu acho esse costume interessante, mas não costumo aderí-lo. Primeiro porque eu não gosto de usar roupa inteira branca. Me sinto estranha. E depois acabo nem usando mais a roupa no resto do ano. Segundo porque eu tenho minha própria tradição de ano novo: gosto de usar roupas coloridas. Lógico que eu sempre tento usar pelo menos alguma peça nova “para dar sorte”. Mas de resto, tá liberado. Este ano minha roupa era estampada: azul, amarelo, rosa, verde e até preto.

Algumas pessoas se chocam quando se deparam com alguém vestido com alguma peça de roupa preta em plena noite da virada, mas para mim é absolutamente normal. Até vieram me perguntar o que a cor preta significava, no que eu respondi: “Para mim nada. Apenas achei bonita esta blusa.”.

O que eu desejo para um novo ano é sempre um pouco de tudo: amor, paz, dinheiro, saúde, enfim, tudo aquilo que a vida pode nos oferecer de bom.
Mas o que realmente importa, independente da sua roupa, é o que você traz dentro de si. O que adianta toda a parafernália das roupas brancas e novas e blá blá blá, se por dentro você está um caco?

Portanto, minha roupa, na verdade, pouco importa no ano novo. O que realmente preparo para entrar em um novo ano com o pé direito é a minha mente e o meu coração, para que eles estejam abertos para as coisas boas que a vida possa me oferecer.

Enfim, é a velha história de sempre: o que vale não é o que está por fora, a nossa casca, mas sim aquilo de bom (e algumas vezes de ruim) que trazemos dentro nós que farão do nosso ano, um bom ano.

PS: E para quem ainda não leu meu blog este ano e para os novos leitores também: desejo a vocês um 2011 de todas as cores!