quinta-feira, 2 de agosto de 2012

"To Rome with love" ("Para Roma com amor")

  Novo filme do diretor Woody Allen, sendo mais um de sua série de filmes rodados na Europa, "Para Roma com amor" me cativou desde as primeiras cenas que abrem a película, mostrando o caos que é o trânsito da cidade, e de sua trilha sonora pautada no clássico "Volare". Um deleite para os olhos e para os ouvidos. 

  O roteiro, assinado por Allen, se desdobra de forma interessante, fazendo ligações inesperadas entre os personagens e trazendo como referência os clássicos do cinema italiano. Sobre o elenco, vale destacar a linda Penelope Cruz, sempre impecável e intensa, o próprio Woody Allen, que dá o ar da graça interpretando seu alter ego com muito humor e Ellen Page, que faz uma pseudo-intelectual exibicionista (seria redundância?).


  Mesmo com todos esses atributos, li várias críticas detonando o diretor e sua obra. Desde de coisas como: 'ele não é mais o mesmo' até 'um filme água com açúcar'. Interessante, pois eu achei exatamente o contrário. E não fui só eu. No banheiro do cinema, após uma sessão do filme, os comentários das espectadoras eram extremamente favoráveis. Mas não agradou só as mulheres. Nos corredores da sala de exibição, no fim do filme, a opinião masculina também se mantinha positiva. Isso me intrigou, realmente eu não conseguia entender o porquê da discrepância entre a opinião da mídia e a dos espectadores. 


  Pensando a respeito, acho que consegui formular uma hipótese plausível. No filme, o personagem do italiano Roberto Benigni (outra ótima interpretação) - Leopoldo - trata de um tema um tanto delicado: a frivolidade e superficialidade da imprensa. Leopoldo, um cidadão comum, torna-se famoso da noite para o dia, e o mais interessante de tudo: por nada. E da mesma forma repentina com que a fama descabida o atinge, ela também se vai, num piscar de olhos. Leopoldo então, se vê sem rumo, já que a fama vicia tanto quanto as drogas. Acho que esse lado que Allen mostra da impressa - uma criadora de celebridades vazias, descartáveis e instantâneas - não a agradou muito (afinal, é extremamente realista), e portanto, choveram críticas desfavoráveis. 


  Posso estar viajando na maionese? Procurando pelo em ovo? Talvez, quem sabe? Mas a verdade é que esse adorável filme, recheado de diálogos bem-humorados e irônicos, além do tour privilegiado pela cidade eterna nos faz sair do cinema mais leves e acima de tudo: mais pensantes, coisa que a imprensa odeia que a gente faça. Se for verdade que Woody Allen não é mais o mesmo, não importa. Como disse um jornalista, do qual não me recordo o nome, um filme dito "fraco" de Woody Allen é infinitamente melhor do que qualquer outra super produção hollywoodiana. 


Assista ao trailler do filme: